terça-feira, 15 de maio de 2012

É possível eliminar uma informação da internet?


No dia 4 de maio de 2012, 36 fotos de Carolina Dieckmann nua foram divulgadas na internet. A polícia identificou os suspeitos pelo roubo e divulgação das fotos da atriz. 

Segundo a polícia, Leonam criou um e-mail falso, como se fosse do provedor de internet usado pela atriz, oferecendo mais segurança no acesso à rede. Carolina Dieckmann não percebeu que era uma armadilha. Preencheu um formulário com os dados dela, inclusive a senha de acesso ao seu endereço eletrônico, e acabou enviando tudo para o hacker.

Leonam teria repassado todos os 60 arquivos para outro jovem do interior de São Paulo, que de acordo com a investigação, enviou as imagens para mais três pessoas: um menor de 17 anos de Bauru, no interior paulista, suspeito de ter chantageado Carolina, para não divulgar os arquivos, um quarto suspeito, de Goiânia e o dono do site pornográfico que publicou as fotos.

No Brasil ainda não há leis para crimes na internet, por isso, nesse caso o que vale é o Código Penal. Os suspeitos poderão ser indiciados por furto, extorsão e difamação. Se condenados, a pena pode chegar a 15 anos de cadeia.


Um caso parecido aconteceu em setembro de 2006, quando um vídeo íntimo da modelo e apresentadora Daniella Cicarelli também foi divulgado pela internet. Cicarelli e o então namorado entraram na justiça para impedir que todos os sites brasileiros e estrangeiros veiculassem as imagens.
Situações como as de Carolina Dieckmann e de Daniella Cicarelli trazem à tona a questão da privacidade na internet.

Mas a questão é, "será possível eliminar completamente essas fotos da internet?"

Dizem que nada é impossível, mas a verdade é que, lembrando casos passados e analisando a opinião de quem lida profissionalmente e diariamente com a internet, a opinião é unânime: é impossível apagar, completamente, um conteúdo indesejado que esteja na grande rede.

A internet mudou todos os padrões de compartilhamento de informações, no sentido de tornar algo público. Praticamente, não há limite para a capacidade de registro e de multiplicação que a grande rede tem.

Nancy Marchioro é desenvolvedora web, especialista em arquitetura da informação. Ela, como muitos outros especialistas, ressalta que “qualquer coisa que tenha sido colocada no formato digital na internet tem o potencial de se espalhar, por mais segurança e privacidade que o serviço diga que tem”.

A capacidade de registro e de permanência que a internet proporciona nunca deve ser menosprezada. Em outras palavras, o que se escreve na grande rede fica registrado a caneta. A chance de alguém guardar uma declaração, foto ou um vídeo que não lhe pertence é sempre muito grande, e essas pessoas podem fazer uso do que têm nas mãos de forma a causar danos ou não.

E não são só celebridades que estão sujeitas a esta exposição, apesar de estarem mais sujeitas. Qualquer navegante comum deixa uma infinidade de rastros pela internet. Basta parar e pensar na quantidade de sites que visitamos, nos vários cadastros que preenchemos, nas fotos e nos vídeos que já publicamos etc. Você sente que tem controle absoluto sobre essas publicações?

Prevenir e conscientizar é o melhor a fazer

Se algo não pode ser distribuído, então não deve ser produzido. No caso de Carolina Dieckmann, o advogado da atriz, Antonio Carlos de Almeida, afirmou ao site G1 que notificou o Google para impedir que o mecanismo de buscas mostre resultados que forneçam acesso a fotos da atriz nua.

Isso é possível graças a um serviço do Google que permite a solicitação da não indexação de páginas e fotos. Como Nancy Marchioro esclarece, o próprio dono de uma página ou um advogado dá início ao processo para que a indexação seja removida progressivamente do mecanismo de busca.

Mas a ferida permanece aberta

Mesmo que um conteúdo indesejado seja removido por meio de ações judiciais, o problema permanece. Muitas vezes, o próprio fato de se mover uma ação para retirada de conteúdo acaba dando mais visibilidade ainda àquilo que se quer evitar. 

Nesse caso, a notícia em si é a ação movida, os depoimentos, as cenas de delegacia, as opiniões dos especialistas etc. Mas, pela cobertura, muita gente que nem sabia do conteúdo original vai acessar para entender do que se trata.

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