terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Mortes Bruscas - Como seriam?



Qual será a sensação de ter seu rosto desfigurado no para-brisa de um carro ou levar um tiro na cabeça? Já  se perguntou como seria?

Então, pode parar de se perguntar, porque você nunca saberá – mesmo que isso aconteça com você. Há pelo menos duas razões. Em primeiro lugar, nosso cérebro processa a informação muito lentamente. Em segundo lugar, há a questão da integridade das funções cognitivas que são responsáveis pela experiência consciente.

Acidentes de carro

As pessoas imaginam que estão observando o momento presente, mas a ciência diz o contrário. É preciso tempo para que os sinais se movam através da matéria cinzenta do cérebro, que está situada em torno do córtex. Estes sinais viajam a uma velocidade de um metro por segundo, uma velocidade “insanamente lenta”, quando comparado à eletricidade. “Demora um tempo para o cérebro saber o que está acontecendo, por isso estamos sempre vivendo no passado”.

De fato, nossos sistemas motores autônomos realmente reagem mais rapidamente aos estímulos externos do que a nossa consciência. Pegue a dinâmica de um acidente de carro, por exemplo. Levamos cerca de 150-300 milissegundos para estar ciente de uma colisão depois que ela acontece. Outros neurocientistas acham que isso pode levar até 500 milissegundos. No primeiro milissegundo, o sensor de pressão do carro detecta uma colisão e em 8,5 milissegundos o sistema de airbag é acionado. No 15º ms (abreviação de milissegundo), o carro começa a absorver o impacto em um grau significativo. E antes do 17º ms o ocupante começa a fazer contato com o airbag, com a força máxima da colisão atingindo seu ápice no 30º ms. Na marca de 50 ms, a célula de segurança começa a se recuperar, e depois de 70 ms o passageiro se move para trás e para o meio do carro.

Então, em torno de 150 a 300 ms, o ocupante finalmente se torna consciente da colisão. Isso, é claro, se houver airbag no carro ou se o ocupante estiver usando um cinto de segurança. Caso contrário, a pessoa não chega nem a saber que estava sofrendo um acidente de carro.

Se o acidente tivesse sido fatal, não necessariamente seria uma coisa ruim. Se as partes do cérebro que dão origem à consciência estão gravemente comprometidas, então toda a consciência surge de forma retorcida. Estas áreas tão importantes incluem o córtex frontal (atenção e memória de curto prazo), tálamo (regulação da consciência e vigília), giro temporal (percepção e compreensão) e hipocampo (memória e consciência espacial).

Lesões no córtex e tálamo, muitas vezes, induzem ao estado de coma. Mas nem todo trauma de cérebro é catastrófico desta maneira. A percepção consciente pode permanecer intacta quando o cerebelo está danificado. Além disso, ainda não se sabe como a consciência é construída a partir de pedaços dessas peças. Todo o sistema parece estar envolvido na consciência, por isso, com as partes do cérebro danificadas, a consciência fica prejudicada.

A consciência é uma coisa frágil, que parece ser dependente de sinais elétricos que viajam ao redor do cérebro. Quando ocorre um grande trauma na cabeça, o cérebro é esmagado no interior do crânio, causando frequentemente resultados fatais.

Balas no cérebro

O que acontece quando uma vítima recebe um tiro na cabeça? Ela pode não ter a chance de responder ao que está acontecendo.

Uma bala viaja através do cérebro mais rápido do que a velocidade com que os tecidos se rasgam. Eles empurram os tecidos para fora do caminho, esticando-os além dos seus pontos de ruptura. É aí que começam os problemas: a capacidade de processar informações e resolver problemas desaparece quando a bala caminha através de seu córtex pré-frontal. Sua capacidade de memória vai embora junto com o hipocampo. Quando a ruptura finalmente acontece, os tecidos vão pular de volta para a abertura inicial, tentando voltar à sua posição original.

Isso mostra que algumas pessoas podem sobreviver, mesmo sendo baleadas na cabeça. De fato, um terço dos pacientes com um tiro na cabeça sobrevive, embora 50% não sobreviva mais de 30 dias. E os que sobrevivem tendem a ter graves deficiências cognitivas. Na maior parte destes casos, a bala não atravessa a linha média, que é quase sempre fatal. Quando o tiro vai apenas para a direita, pode rapidamente entrar e sair do crânio, sem causar muitos danos.

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